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Observação

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Atendendo à iniciativa da Secretaria de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (SEDPAC), convidamos representantes de alunos e profissionais das escolas públicas para estarmos juntos na campanha do Estado de Minas Gerais - Março Mulher 2017 -  no dia 11/03/2017, das 10h às 12h, no Sarau de Poesias, no Museu Espaço dos Anjos, instalado na casa em que viveu o poeta Augusto dos Anjos, na Rua Cotegipe, nº 386, Centro – Leopoldina / MG.

 Os presentes recitaram poesias, de própria autoria ou de autores e autoras como Cecília Meireles, Cora Coralina, Adélia Prado, sempre versando sobre questões do universo feminino, com a intenção de que a atividade fosse inspiradora para se pensar direitos, promoção, inclusão e proteção das mulheres e meninas em nossa cidade, ao mesmo tempo que contribuísse para aproximar mais nossos jovens do universo da poesia.

Sugeri à estudante Júlia Marinho - integrante da Rede Mineira da Juventude, recentemente formada (e ainda em construção) pela Diretoria de Juventude da Secretaria de Estado da Educação, – que recitasse o poema “Fanatismo”, de Florbela Espanca, poeta portuguesa que, já em 1917, era uma das poucas mulheres a participar do universo masculino da poesia e do curso de Direito da Universidade de Lisboa, dentre 347 alunos e apenas 14 alunas matriculadas.

A poesia de Florbela expressa a marginalidade feminina em Portugal no início do século XX, situação que se deve à condição feminina, mas também à conjuntura política portuguesa da época às voltas com as mudanças de uma República utópica e os arcaísmos de uma monarquia ultrapassada. Nesse contexto, a poesia de Florbela cresceu, sinalizando a necessidade de uma nova forma de pensar o mundo, as relações e a mulher, enfrentando os preconceitos dirigidos ao fazer poético feminino como se este não passasse de mais uma moda.

A densidade psicológica movimenta toda a poesia de Florbela, numa tentativa de libertação por meio das palavras, saindo do lugar comum da submissão, desolação, sofrimento e da imagem idealizada de mulher pura para a condição de mulher enquanto ser desejante, sujeita à censura dos moralizadores do século XX, ressurgindo dos escombros do cristianismo e de toda a cultura ocidental. Esse movimento é paralelo à instauração de novos paradigmas no século XX, a partir dos pensamentos, por exemplo, de Nietzche e Freud, cada um à sua maneira, questionando valores, estudando a cultura, a sexualidade humana e contribuindo para buscar a desconstrução da culpa.

Na poesia de Florbela, encontraremos a construção de uma nova imagem feminina, de um corpo feminino. E é pela via da sexualidade, do direito às sensações corporais que o sujeito feminino começa a ganhar um outro espaço no contexto poético, não mais apenas relacionado a poemas de amor, à solidão e a mulher triste, sempre a chorar e a esperar. Enfim, por tantos e tantos motivos Florbela merece ser revisitada nesta ocasião e nos inspira a repensar o feminino a partir de leituras estruturais, sociais, culturais e psicológicas que reverberem em movimentos sempre libertadores.

Agradecemos aos membros e convidados da Academia Leopoldinense de Letras e Artes e do Museu Espaço dos Anjos, à EE Professor Botelho Reis e seus estudantes Altair Soares Xavier, Ketleen Silva Cirino, Lorena Botelho do Carmo, à profa. Ana Cristina da EE Justiniano Fonseca e seu aluno Willens Douglas da Costa Curcio, ao aluno do CEFET Christoff da Silva Cirino, ao aluno e às alunas do EJA da E.M. Judith Lintz, aos representantes de escolas particulares, representantes da sociedade civil, enfim, a todos que prestigiaram essa ação da Superintendência Regional de Leopoldina que fez parte da programação da Subsecretaria de Políticas para Mulheres (SPM-MG).

Claudia H. da Silva
Analista Educacional
Direitos Humanos
SRE-Leopoldina

 

 

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